“Os homens. É preciso amar os homens. Os homens são admiráveis.
Sinto vontade de vomitar – e de repente aqui está ela: a Náusea. Então é
isso a Náusea: essa evidência ofuscante? Existo – o mundo existe -, e
sei que o mundo existe. Isso é tudo. Mas tanto faz para mim. É estranho
que tudo me seja tão indiferente: isso me assusta. Gostaria tanto de me
abandonar, de deixar de ter consciência de minha existência, de dormir.
Mas não posso, sufoco: a existência penetra em mim por todos os lados,
pelos olhos, pelo nariz, pela boca… E subitamente, de repente, o véu se
rasga: compreendi, vi. A Náusea não me abandonou, e não creio que me
abandone tão cedo; mas já não estou submetido a ela, já não se trata de
uma doença, nem de um acesso passageiro: a Náusea sou eu.”
“Náusea - Jean Paul Sartre